31 de março de 2015

Doenças da tireoide

A tireoide é a glândula localizada na região anterior do pescoço, na frente da laringe, que produz hormônios que regulam a temperatura corporal, a frequência cardíaca, a motilidade gastrointestinal, entre outras funções.
As doenças mais comuns da tireoide são os nódulos, o hipotireoidismo, o hipertireoidismo e menos frequente  o câncer de tireoide.
Os nódulos de tireoide são mais frequentes em mulheres e a prevalência aumenta com a idade. Em torno de 10% da  população pode desenvolver nódulo de tireoide palpável  durante a vida. A frequência de nódulos é bem maior  (em torno de 70%) se avaliarmos a tireoide por método  de imagem como o ultrassom, ou quando se descobre ao acaso através de tomografias computadorizadas ou ultrassom  de carótidas (artérias do pescoço).

Chamamos de bócio o aumento do tamanho da tireoide

O hipotireoidismo, que é a diminuição da função da glândula, apresenta alguns sintomas como cansaço, sonolência, queda de cabelo, pele seca, rosto e olhos inchados e intolerância ao frio.
O hipertireoidismo, que é o excesso de produção de hormônios pela tireoide, caracteriza-se por coração acelerado, perda de peso, tremores nas mãos, pele quente, intolerância ao calor, irritabilidade ou nervosismo excessivo .
Embora o câncer de tireoide seja relativamente raro, todo nódulo deve ser cuidadosamente avaliado. 
Em qualquer uma das situações procure seu médico para investigação, pois as doenças têm tratamento .

Dra. Maria Elvira Wagner Ferreira
Médica Endocrinologista
Mestre em Clínica Médica
CREMERS 15267

25 de março de 2015

Sintomas de hipotireoidismo

O que é hipotireoidismo?
Hipotireoidismo é uma condição na qual a tireoide está com baixa atividade que faz com que você se sinta cansado. Ele atinge 11% da população geral, sendo 80% mulheres a partir dos 35 anos, mas pode acontecerem ambos os sexos, em todas as idades.
Existe uma glândula no seu pescoço, logo abaixo daquela saliência conhecida como "pomo-de-adão" chamada de glândula tireoide. Ela produz dois hormônios muito importantes para o organismo: o T3 e o T4. Estes hormônios controlam o funcionamento de diversos órgãos, entre tantas coisas como seu corpo usa e armazena energia, o crescimento, o ciclo menstrual, a fertilidade, o sono, raciocínio, memória, temperatura do corpo, batimentos cardíacos, eliminação de líquidos, funcionamento intestinal, funcionamento intestinal, força muscular e o controle de peso corporal.
HIPOtireoidismo é o termo médico para quando a pessoa não produz hormônios da tireoide suficientes. As pessoas muitas vezes confundem esta condição com o HIPERtireoidismo, que é quando a pessoa produz muito hormônio.



Quais são os sintomas de hipotireoidismo?
O hipotireoidismo deixa todas as funções do corpo mais lentas geralmente.
Algumas pessoas com hipotireoidismo não tem sintoma algum. Mas a maioria se sente cansado, o que pode tornar o diagnóstico difícil de ser feito pois muitas doenças podem fazer com que você se sinta cansado, como por exemplo, anemia, depressão, infecções virais, estresse físico.
Outros sintomas de hipotireoidismo incluem:
- Falta de energia, apatia e desânimo
- Falha na memória
- Sentir mais frio do que os demais
- Sono excessivo
- Queda de cabelo, cabelos finos ou ressecados
- Unhas quebradiças
- Menstruações irregulares, dificuldades para engravidar, e nas gestantes aumenta o risco de aborto
- Diminuição do desejo sexual
- Ficar constipado (intestino mais lento, preso)
- Perda do apetite
- Ganho de peso e retenção de líquidos, inchaço
- Tornozelo inchado e dores musculares, principalmente nas panturrilhas
- Aumento do colesterol
- Diminuição da força muscular e dos batimentos cardíacos (enfraquece e lentifica o coração)
- Rouquidão
- Aumento da pressão arterial
- Anemia
Se não for diagnosticado e tratado corretamente, o hipotireoidismo pode levar a sérias complicações, inclusive insuficiência cardíaca, aumento do colesterol, hipertensão arterial, glaucoma, anemias, disfunções respiratórias, neurológicas, renais e gastrointestinais. No recém nascido pode causar retardo mental, deficiência de crescimento e surdez.

Como se faz o diagnóstico?
Por um exame de sangue coletado em laboratório, que o médico solicita durante a consulta se suspeitar de hipotireoidismo. Geralmente se solicita o TSH (hormônio estimulante da tireoide) e quando o médico achar necessário pode pedir as dosagens do T3 e do T4, os hormônios tireoidianos.
Todos os recém nascidos são diagnosticados pelo teste do pezinho que é sempre realizado, justamente para tratar os casos de hipotireoidismo congênito, ou seja, quando a criança já nasce com deficiência do hormônio da tireoide. Se você percebe qualquer sintoma, procure seu médico imediatamente.

Existe tratamento? Como é o tratamento?
Existe tratamento sim. O tratamento é simples e de baixo custo. Basta tomar diariamente em jejum um medicamento que contém o hormônio que a tireoide produz. Cada paciente possui sua dose ideal e existem comprimidos de várias dosagens e marcas nas farmácias. Quem determina a dose a ser utilizada é o seu médico, pois o sucesso do tratamento depende do uso correto, em jejum, contínuo(sem pausas), longe de alguns tipos de medicamentos, no horário certo e na dose individualizada. Depois de tomar o medicamento por pelo menos 6 semanas, seu médico vai solicitar novos exames para ver se sua dose está adequada ou deve ser ajustada novamente. A maioria das pessoas com hipotireoidismo necessita manter o uso de comprimidos para a tireoide para o resto da vida. A dose pode variar com os passar dos anos, com alterações no peso, portanto, se aparecerem sintomas deve se repetir o exame e fazer os ajustes no medicamento. Durante a gestação as doses devem ser ajustadas mais frequentemente, de 4 em 4 semanas.
Tomando o comprimido de levotiroxina (hormônio da tireoide) você vai se sentir melhor e os sintomas do hipotireoidismo diminuirão gradualmente.
Na dúvida, converse com seu médico e consulte um especialista. Jamais suspenda ou troque de marca ou para genérico, ou mude a dosagem sem falar com seu médico. A troca entre pílulas pode fazer os hormônios aumentarem ou diminuírem. Tomar hormônio demais pode causar arritmias cardíacas graves e até mesmo enfraquecer seus ossos.

Dra. Aline Maria Swarowsky
Médica Endocrinologista
CREMERS 24.801
Consultório em Santa Cruz do Sul/RS Fone: (51)3056-3640

15 de março de 2015

Hipoglicemia pós-prandial: problemas com o diagnóstico

A hipoglicemia pós-prandial frequentemente gera dúvidas e erros tanto no diagnóstico quanto no seguimento dos pacientes. Talvez seja a condição endocrinológica mais incorretamente diagnosticada. A seguir, os equívocos mais comuns e qual a abordagem considerada correta a luz do conhecimento médico atual.

Equívoco 1: A hipoglicemia pós-prandial é uma doença comum.

Hipoglicemia pós-prandial é o descritor do momento em que ocorre a hipoglicemia (até 4 horas após uma refeição) e não uma doença propriamente dita. A hipoglicemia pós-prandial é causada por doenças pouco frequentes como síndrome pós-cirurgia bariátrica, intolerância hereditária à frutose, insulinoma ou síndrome pancreatogênica hipoglicêmica não-insulinoma. Já ouviu falar em alguma delas? Diversos pacientes que procuram assistência médica por sintomas que acontecem após a alimentação como ansiedade, fraqueza, tremor, sudorese ou palpitações, na realidade têm diagnósticos bem mais comuns como síndrome pós-prandial, transtornos de ansiedade, síndrome do intestino irritável, intolerâncias alimentares, até mesmo enxaqueca. Ou seja, além de pouco frequente a hipoglicemia pós-prandial é muitas vezes diagnosticada de forma errada.




Equívoco 2: A hipoglicemia pós-prandial é diagnosticada através de curvas de glicose e insulina.

Eis um erro muito frequente! O paciente sintomático é avaliado através de uma curva com diversas medidas de glicose e insulina coletadas após uma sobrecarga de carboidratos. Caso a glicose baixe ou a insulina suba, o paciente é taxado como hipoglicêmico. Isto está incorreto!
Diversos estudos mostram que até 10% das pessoas normais quando são submetidas a curvas após sobrecargas de açúcar apresentam quedas dos níveis de glicose até valores abaixo de 50 mg/dL sem prejuízo algum para a saúde. Além disso, as curvas têm pouca relação com os sintomas. Isto é, paciente com valores de glicose considerados normais ou altos podem ter sintomas e paciente com valores considerados hipoglicêmicos podem não ter queixa alguma. Outro ponto interessante é que em alguns pacientes os sintomas podem ser desencadeados por placebo, isto é, uma substância inerte, sugerindo um fundo emocional para o quadro. Por fim, dosagens de cortisol e adrenalina realizadas durante estas curvas não se mostraram alteradas durantes os sintomas, o que sugere que eles não sejam causados por hipoglicemia.
A maneira correta de se diagnosticar qualquer tipo de hipoglicemia é através da tríade de Whipple. Para que um paciente seja considerado hipoglicêmico deve apresentar três critérios: sintomas compatíveis, dosagem de glicose abaixo de 50 mg/dL no momento dos sintomas em laboratório (não vale teste de ponta de dedo) e melhora dos sintomas quando a glicose volta a subir. Geralmente um paciente com sintomas suspeitos de hipoglicemia é orientado a comparecer a um laboratório após uma refeição habitual e lá permanecer por até 5 horas. Caso haja sintomas, deverão ser coletadas amostras para glicose, insulina, peptídeo C e pró-insulina. Após esta coleta, são administrados carboidratos e se observa a resolução dos sintomas. Caso se confirme a hipoglicemia, o paciente deverá ser investigado para as causas específicas para poder receber o tratamento apropriado.

Equívoco 3: Pacientes com hipoglicemia pós-prandial devem restringir açúcares ou ficarão diabéticos.

Como exposto anteriormente diversos pacientes recebem o diagnóstico errado e, consequentemente, o tratamento também. Por exemplo, um paciente com transtorno de ansiedade deve ser encaminhado para acompanhamento psiquiátrico e não ter a dieta modificada. Os raros casos de hipoglicemia pós-prandial deverão receber o tratamento conforme a doença de base. Por exemplo, um paciente com insulinoma deverá operar o tumor do pâncreas, já que a dieta ajudará muito pouco no manejo dos sintomas.

Se você tem sintomas após as refeições ou recebeu diagnóstico de hipoglicemia pós-prandial ou reativa, procure um endocrinologista de sua confiança e faça uma revisão. Como vimos equívocos são frequentes e nem sempre as coisas são o que parecem ser.

Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista