29 de setembro de 2015

Cistos de tireoide: avaliação e tratamento

Cistos ou nódulos císticos de tireoide são lesões parcial ou completamente preenchidas por fluido. São muito frequentes, podendo corresponder à metade dos nódulos tireoidianos. A maioria é assintomática e descoberta ao acaso, mas sintomas como dor ou sensação de aperto no pescoço podem ocorrer dependendo do tamanho da lesão.
De acordo com as células que os constituem, os nódulos císticos podem ser benignos (adenoma) ou malignos (carcinoma, isto é, câncer de tireoide). Felizmente, a grande maioria destas lesões é benigna. Estima-se que apenas 2 de cada 100 nódulos císticos sejam malignos. Além disso, as lesões com um componente cístico maior, isto é, com mais fluido do que células, têm um risco menor de serem malignas.

Punção de tireoide guiada por ecografia.

Na avaliação dos nódulos císticos de tireoide são fundamentais: a história clínica do paciente, a dosagem do TSH, a ecografia e a punção aspirativa com agulha fina (PAAF). Cistos simples não precisam ser puncionados, pois são virtualmente sempre benignos. Nódulos císticos com componente sólido devem ser puncionados quando maiores que 1,5-2 centímetros de diâmetro, dependendo de suas características à ecografia, para afastar o diagnóstico de câncer.
O tratamento dos nódulos císticos de tireoide depende do resultado da PAAF. Lesões malignas devem ser retiradas através de cirurgia. Lesões benignas podem ter seu conteúdo líquido aspirado, serem operadas ou simplesmente observadas. Existe ainda a possibilidade de injeção de álcool dentro do cisto após a aspiração do fluido. Contudo, os estudos que avaliaram essa modalidade terapêutica são pequenos, mostraram uma taxa considerável de dor grave a moderada (20%) e acompanharam os pacientes por apenas 6-12 meses, logo, faltam de dados de eficácia em longo prazo.
Se você tem qualquer lesão na tireoide, seja ela cística ou não, procure um endocrinologista para avaliação diagnóstica e terapêutica.

Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576

13 de setembro de 2015

Será que meu filho está baixinho? Saiba quando desconfiar de baixa estatura

O que é baixa estatura?

Uma criança ou adolescente é considerada com baixa estatura quando está 2 desvios-padrões abaixo da média idade e sexo, ou seja, quando fica fora dos canais de crescimento nos gráficos. Mais importante do que um medida isolada da estatura, são as medidas consecutivas, que dão informação sobre a velocidade de crescimento. Logo, o acompanhamento regular com o pediatra, mesmo na criança saudável, é fundamental para que se identifiquem aquelas que necessitam de avaliação complementar. Outra maneira de desconfiar de baixa estatura é observando se a criança tem a mesma altura que as outras da mesma idade, embora a avaliação através dos gráficos de crescimento seja muito mais apropriada.



Quais as causas de baixa estatura?

Existem diversas causas de baixa estatura. Estas vão desde doenças genéticas, doenças crônicas (anemia, asma, doenças renais e cardíacas, entre outras), problemas emocionais, doenças esqueléticas e doenças endocrinológicas (raquitismo, diabetes mellitus mal controlado, deficiência do hormônio do crescimento, hipotireoidismo, doenças da adrenal e distúrbios da puberdade).

Como é feita a avaliação da baixa estatura?

A avaliação é feita através da história detalhada da criança desde o nascimento. São avaliados medicamentos em uso, presença de doenças e o desenvolvimento sexual. É importante, se possível, que ambos os pais compareçam a consulta, pois deverão ser medidos para que se possa calcular a altura alvo da criança. Dependendo da avaliação clínica inicial, podem ser pedidos exames gerais, além de raio-x da mão para avaliação da cartilagem de crescimento. Conforme os resultados dessa primeira leva de exames, podem ser necessários testes específicos para confirmação dos diferentes diagnósticos.

Como é feito o tratamento da baixa estatura?

O tratamento depende da causa, sendo que para algumas condições não existe tratamento específico. Por exemplo, na criança com hipotireoidismo, se repõe o hormônio tireoidiano; já na criança com diabete, trata-se a doença apropriadamente.
Ao contrário do que se pensa, o hormônio do crescimento não está indicado para todas as crianças com problemas de crescimento e sim para aquelas com deficiência comprovada ou em grupos selecionados, como meninas com síndrome de Turner ou crianças com insuficiência renal crônica. O tratamento é mantido até o final do crescimento e em alguns casos indefinidamente.
Nas crianças que precisam de tratamento específico, quanto antes este for iniciado, melhores serão os resultados. Logo, quando se identifica ou se desconfia de problemas no crescimento, a criança deve ser prontamente avaliada. Retardar a avaliação esperando que seu filho(a) vá crescer depois pode trazer prejuízos irreparáveis a estatura final.

Se você ou o pediatra percebeu ou desconfia que seu filho(a) possa estar crescendo menos que o esperado, agende consulta com o endocrinologista para avaliação pormenorizada.


Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576

6 de setembro de 2015

Hemoglobina glicada e sua importância no seguimento do paciente diabético

O que é hemoglobina glicada?

Hemoglobina glicada ou hemoglobina A1C é um exame de sangue que mostra a média da glicose nos últimos 2 ou 3 meses.
É um exame importante por dois motivos:
- serve para ajudar a diagnosticar o diabetes mellitus;
- no paciente que já tem o diagnóstico, serve para saber se o tratamento está adequado.



Quais os valores normais da hemoglobina glicada?

Nos pacientes que ainda não tem diagnóstico de diabetes, valores de hemoglobina glicada maiores ou iguais a 6,5% sugerem que este paciente possa ter a doença. Logo, deve-se repetir o exame para se confirmar o diagnóstico.
Nos pacientes que já se sabem diabéticos, a hemoglobina glicada deve estar em torno de 7% ou menos. Estes valores querem dizer que a glicose no sangue está bem controlada e o tratamento está sendo feito corretamente.

Com que frequência deve-se fazer o exame?

Se os valores da hemoglobina glicada estiverem abaixo de 7%, o tratamento está adequado, logo o exame pode ser repetido a cada 4 ou 6 meses, dependendo do caso. Mas se os valores estiverem acima de 7%, o tratamento para o diabetes deve ser revisado e ajustado, e o exame deve ser repetido em 2 ou 3 meses.

Qual a importância da hemoglobina glicada?

Várias pesquisas científicas mostram que manter a hemoglobina glicada dentro do normal ajuda a evitar complicações do diabetes como:
- problemas na retina que podem levar a cegueira;
- doenças nos nervos;
- doença renal e hemodiálise;
- doenças vasculares com infarto do miocárdico e acidente vascular encefálico (isquemia).

Se você é diabético, mantenha acompanhamento regular com seu endocrinologista e procure fazer o tratamento da melhor maneira possível para manter a hemoglobina glicada o mais próximo possível do normal.


Dr. Mateus Dornelles Severo
Médico Endocrinologista
Mestre em Endocrinologia
CREMERS 30.576